24 de fevereiro de 2012

[Fanfic - Onze Colheitas] "Colhendo Corações" Distrito 8

Essa é a primeira fanfic da série "Onze Colheitas", são história contando como foi o dia da colheita em cada um dos distritos...Vamos começar com o Distrito 8. 

Hoje é o dia colheita.
Não sei em que versão dos Jogos Vorazes estamos e, na verdade, não faço questão de saber. Já é muito difícil pensar na possibilidade de ser escolhido para morrer, enquanto pessoas se divertem assistindo a isso.
Por sorte, na minha família sou o único membro que corre o risco de ser escolhido como tributo, pois minha irmã ainda não tem idade suficiente e meus pais nunca foram convocados, entretanto meu nome deve estar repetido em pelo menos dez daqueles papeis.
Como não se bastasse a preocupação que tenho comigo mesmo, ainda tem Lyra, uma das pessoas que mais amo em todo o Distrito 8. Estamos juntos desde que tínhamos doze anos e estávamos juntos em nossa primeira colheita. Quatro anos se passaram e o medo continua a nos rondar.
Ontem nos encontramos, escondidos, como sempre. Era perigoso demais tentar ter um relacionamento para todos verem, pois nossas famílias eram concorrentes na confecção de roupas. Na mais distante fábrica têxtil do distrito estava ela, apreensiva. Quando chegue, ela me abraçou com o mesmo vigor de todos os anos, no nosso encontro antes da colheita.
- Por que demorou tanto Andrew?
- Estava entregando as ultimas peças de roupas pelo distrito. – Minha mãe fazia roupas por encomenda e eu as entregava.
- Me desculpa, sei muito bem como é o seu dia, mas com a colheita chegando... – Seus olhos brilhavam.
- Eu te entendo, mas ficar assim não vai evitar que nós tenhamos que passar por isso. Isso só piora. – Era fácil falar enquanto segurava a tristeza dentro de si.
- Andrew, passar por isso é tão angustiante... Não quero ficar longe de você.
- Eu também não quero ter que sair de perto de você e correr o risco de não voltar. - Desta vez eu a abracei e logo em seguida trocamos o que parecia ser o último beijo.
Todos os encontros antes da colheita eram assim, tensos e angustiantes.
Agora eu me via me dirigindo junto com minha família para a parte central do distrito, onde agora foi montado um palco para a apresentação dos tributos.
Já me acostumei a ver Christian fazer o papel de carrasco, chamando os culpados para o abate.
O visual dele era como o de todos da Capital, extremante estranho, mas com uma elegância inconfundível.
O mesmo ritual se repetia sempre, até a hora mais desastrosa. Christian colocou a mão dentro do recipiente com o nome das garotas puxou o papel, se dirigiu ao microfone e disse “Lyra Cosmos”.
Meu corpo paralisou, senti meus olhos começarem uma leve ardência, mas segurei os sentimentos em meu peito enquanto via Lyra subir até o palco, com lágrimas escorrendo pelo rosto ao som dos gritos agonizantes de sua mãe.
Antes de Christian prosseguir e sortear o nome do garoto, um grito quase que involuntário saiu da minha garganta

- Eu me ofereço como tributo!

Um silêncio súbito tomou conta daquele lugar. Olhei para trás para ver que minha mãe e minha irmã choravam em silêncio enquanto meu pai acenava com a cabeça para mim, retribui seu gesto enquanto os guardas me escoltavam até o palco. Quando pude ver o rosto de Lyra ela mexia os lábios formando uma pergunta sem som: "Por quê?"
E da mesma forma respondi: “Eu te amo”.
Christian levantou um de nossos braços, como se tivéssemos ganhado algo. E de fato tínhamos, ganhamos um passe livre para uma carnificina.
Postado por Mateus

0 comentários:

Postar um comentário